quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ARTIGO - Razão versus Emoção

(*) Por Jorge Guzo

Depois de anos de experiência no mundo corporativo, com a ajuda dos psicólogos descobri que é estatisticamente comprovado: 50% das pessoas possuem o perfil psicológico “racional” e a outra metade possui o perfil psicológico “emocional”. Confesso que foi uma das principais descobertas que tive na minha carreira.

Quando um gestor chega ao escritório e não fala “bom dia”, 50% das pessoas nem percebem e tampouco dão importância pela falta do “bom dia”, enquanto a outra metade vê de forma diferente, se incomoda pela falta do “bom dia” do chefe.
Muitos acham isso uma “bobeira”, mas observe o melhor gestor na sua empresa. Ele dá atenção às pessoas, sabe lidar com as diferenças que existem entre elas e sabe o melhor jeito para lidar com elas.

O “racional” é atento às ideias das pessoas enquanto o “emocional” é atento aos valores delas. O “racional” é lógico nas tomadas de decisão, o “emocional” prefere tomar as decisões considerando os efeitos nas pessoas. O “racional” tende a ser resistente, enquanto o “emocional” tende a ser simpático. O “racional” não tem dificuldade em advertir, o “emocional” não aprecia dizer coisas desagradáveis às pessoas. O “racional” gosta de coisas estabelecidas, o “emocional” adapta-se bem às mudanças. O “racional” possui talento para analisar, o “emocional” possui talento para elogiar.

Existe um perfil melhor ou pior para se conviver no dia a dia de trabalho?
Pessoas em geral preferem trabalhar com colegas que possuam o mesmo perfil psicológico, pois a convivência é fácil e não há conflitos e pontos de vista diferentes. “Sempre concordo com as colocações desse subordinado, ele pensa do meu jeito, tudo que eu falo ele concorda e vice-versa”. Enquanto aquele outro – “sempre pensa e fala diferente de mim, nas reuniões sempre discutimos - nunca concordamos um com o outro”.

O “racional” acha o “emocional” muito emotivo, enquanto o inverso muito duro e insensível; o “emocional” acha que o “racional” é resistente às mudanças, é inflexível, e o inverso também é verdadeiro: “ele aceita qualquer coisa, para ele tudo é fácil”.

O lógico não gosta de abraços calorosos, um aperto de mão é suficiente; se receber atenção pessoal excessiva fica desconfiado. O emocional gosta de abraçar, gosta de dar e receber atenção das pessoas, ele é simpático e prestativo.

As empresas “benchmarking” defendem a diversidade no seu quadro de colaboradores, não somente nos perfis. Possuem gerentes de regiões e países diferentes; raças, gêneros e gerações diferentes. Por quê? Elas constataram que pessoas diferentes pensam e concluem diferentemente; se houver respeito e confiança nos relacionamentos haverá troca de “feedbacks” sinceros e honestos, o resultado é melhor, o profissional cresce, a satisfação dos clientes é melhorada e resultados financeiros potencializados. “O difícil não significa o pior e o fácil é o mais atrativo, mas não significa o melhor para as pessoas e para as organizações.”

Essa lógica nos faz refletir também na vida familiar, faria sentido na formação dos filhos? Se tivermos pai e mãe do perfil emocional, um filho também emocional e o outro racional - o que aconteceria no dia a dia dessa família se ambos os filhos forem tratados do jeito preferido dos pais (emocional)? O racional seria o “diferente” e o “difícil” sob o ponto de vista dos três, e pelo ponto de vista do filho racional: “nunca me tratam do jeito que gosto, eles gostam mais do meu irmão”. Imaginem a outra possibilidade, os pais racionais e um dos filhos emocional, o resultado seria similar ou pior. Quantas vezes escutamos: “os dois filhos foram tratados e educados do mesmo jeito - e um foi pro lado errado, o que será que aconteceu?”

Naturalmente tratamos as pessoas do jeito que preferimos ser tratados. Fazemos as coisas para os nossos subordinados, chefes, amigos e familiares do jeito que preferimos e muitas vezes não do jeito que eles preferem. Afinal quem tem mais sucesso no relacionamento com as pessoas? Quem consegue melhores resultados com as pessoas no trabalho, no ambiente social ou familiar? Prestem atenção nele, ou nela.


Jorge Guzo é consultor de empresas, professor em cursos de graduação e pós-graduação. Parceiro da Virtual Comunicação, também foi secretário de Administração e Modernização em Santo André (SP). CONTATO:guzo@guzo.com.br
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